segunda-feira, 8 de março de 2010

Indústria de bebidas avalia importar latas de alumínio

Consumo aquecido e investimentos congelados dos fabricantes provocaram escassez da embalagem.

caio Cigana caio.cigana@zerohora.com.br
A combinação entre consumo aquecido e investimentos congelados dos fabricantes de latas de alumínio resultou na escassez da embalagem considerada a mais prática para refrigerantes e cervejas. A incapacidade dos fornecedores em atender a demanda, que tende a crescer ainda mais pelo impulso da Copa do Mundo, leva o setor a avaliar a possibilidade de importação para saciar a sede do mercado.

Conforme o diretor executivo da Associação Brasileira de Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade (Abralatas), Renault Castro, para resolver o gargalo, seria necessário comprar de outros países até 1,5 bilhão de unidades, o equivalente a cerca de 40 dias de consumo. O setor negocia com o Ministério da Fazenda a redução da tarifa de importação do produto de 16% para zero.

– Só em janeiro, a venda de latas foi 26% superior ao mesmo mês de 2009. Hoje, a demanda é maior do que a oferta – admite Castro, acrescentando que, nos últimos quatro anos, as vendas cresceram 10% em média.

O debate também envolve a indústria de bebidas, que busca em outras embalagens a saída para continuar envasando. O secretário executivo da Associação Brasileira da Indústria de Refrigerantes e Bebidas Não Alcoólicas (Abir), Paulo Mozart, entende ser interesse do governo resolver a questão:

– O setor de bebidas tem uma das mais altas contribuições tributárias.

Copa gera o equivalente a um mês em vendas adicionais

Para a Abralatas, o período mais crítico do descompasso entre produção e necessidade da indústria de bebidas será até a Copa do Mundo. Segundo a entidade, o evento esportivo costuma gerar um consumo adicional equivalente a um mês. Conforme a associação, o Brasil encerrou 2009 com uma capacidade instalada nominal de 16,8 bilhões de unidades e, só ao final de 2010, com a previsão da entrada em operação de novas unidades e ampliações, atingirá potencial de 18 bilhões de latas. Ainda no primeiro trimestre de 2011, a capacidade alcançaria 20 bilhões, o que seria suficiente para reequilibrar o mercado.

Mas para o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), a futura oferta não será suficiente, fazendo o problema perdurar por dois anos.

Questionada sobre se estaria sentindo a escassez de latas, a Vonpar, maior fabricante gaúcha de bebidas e franqueada da Coca-Cola, informou que, devido à alta temperatura, está “reavaliando o planejamento de distribuição para que não faltem produtos aos consumidores”.

ZERO HORA

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