quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Desvalorização do dólar é transitória, afirma Mantega

Segundo Ministro, recuperação mais rápida da economia americana provoca queda do dólar


A desvalorização do dólar é transitória e se deve à recuperação da economia dos Estados Unidos, disse nesta terça-feira o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Embora não tenha anunciado medidas para conter a queda da moeda norte-americana, ele afirmou que o governo está preparado para tomar ações.


— Esse movimento [de queda do dólar] não vai continuar. Mesmo porque, se persistir, o governo vai tomar medidas para impedir que valorização do real prossiga — afirmou Mantega.
Nas últimas duas semanas, o dólar está abaixo de R$ 1,70, nível que se manteve ao longo de quase todo o ano passado.
— O fato é que o dólar está se desvalorizando no mundo todo em relação a outras moedas. Por incrível que pareça, a principal razão é uma certa melhora da economia americana — explicou Mantega.
Segundo o ministro, a economia norte-americana dá sinais de recuperação melhores do que se esperava.


— A recuperação dos EUA ajuda na recuperação da economia mundial, mas isso causa esse fato contraditório que é a desvalorização do próprio dólar — disse.


A desvalorização acontece, segundo ele, porque investidores passam a ficar mais à vontade para se expor a riscos.


— Eles saem do dólar e fazem aplicações em outros mercados, como no Brasil, Austrália. Países que têm commodities e estão sólidos. É um efeito paradoxal — afirmou.


Em um segundo momento, de acordo com Mantega, se de fato a economia americana ganhar peso, o governo norte-americano poderá "até começar a subir os juros".


— Mas isso está ainda lá adiante. Até que isso aconteça, o movimento é de desvalorização — afirmou o ministro.


Na avaliação do ministro, a recuperação mais rápida que o previsto da economia norte-americana incentiva os investidores internacionais a aplicarem nas economias emergentes, trazendo recursos para o país. No médio e longo prazo, no entanto, o dólar tende a subir com o crescimento dos Estados Unidos.


— Se, de fato, a economia americana ganhar peso, o governo americano poderá reduzir a emissão de dólares e até começar a subir juros. Mas isso mais adiante. Até que isso aconteça, o movimento será de desvalorização do dólar.


No ano passado, o governo elevou para 6% o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para aplicações de estrangeiros em renda fixa. Mantega admitiu que a equipe econômica pode anunciar outros tipos de medidas, como a administração da entrada de capitais estrangeiros.


O ministro ressaltou ainda que o Brasil está autorizado pelo G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo) a administrar diversos tipos de medidas de intervenção direta no câmbio.


— Existem várias medidas, além do IOF. Podemos administrar ingresso de capitais, inclusive conseguimos incluir no documento do G-20 a autorização para fazer isso.


Segundo Mantega, o reforço do ajuste fiscal prometido para este ano ajudará a minimizar os efeitos da queda do dólar. Isso porque a contenção dos gastos reduz a demanda econômica e abre espaço para a redução da inflação e dos juros.


—O ajuste fiscal ajudará a política inflacionária do Banco Central, de modo a reduzir juros no país para atrair menos capitais externos. O governo está atento a essa questão. Não permitiremos que o dólar derreta.
AGÊNCIA BRASIL E AGÊNCIA ESTADO

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